História da carochinha em verso
História da Carochinha
História da Carochinha
Era uma vez
Uma linda carochinha
Que encontrou cinco tostões
Quando varria a cozinha.
Comprou fitas p’ró cabelo
E foi pôr-se à janela
Para ver se encontrava
Quem quisesse casar com ela.
Primeiro chegou o cão
Com ar muito convencido
Mas a carochinha disse:- Não te quero para marido.
Depois foi a vez do gato
Que estava sempre a miar
A carochinha respondeu:- Contigo não vou casar.
A carochinha continuava
Com a sua voz meiguinha:-
Quem quer casar comigoque sou formosa e boazinha?
Chegou então o cavalo
Que se pôs a relinchar
A carochinha, zangada
Mandou-o logo passear.
Depois veio o senhor galo
Muito gentil e cavalheiro
Mas a carochinha disse:
- Ficas melhor no galinheiro.
A carochinha já estava
A ficar impaciente
Mas continuou à janela
À espera de um pretendente.
Veio ainda o senhor porco
Todo contente e janota
A carochinha disse logo:
- Não quero comer bolota.-
Além disso cheiras mal.
Disse ela toda exaltada-
Não posso casar contigo
porque sou muito asseada.
Passou depois um burro
Que ao pé dela zurrou
A carochinha assustou-se
E ali mesmo desmaiou.
Para além do senhor carneiro
Também o boi ali passou
Mas a carochinha, teimosa,Todos eles recusou.
Já estava a ficar triste
A nossa linda carochinha
Já pensava em desistir
E voltar para a cozinha.
Apareceu então um rato
Pequeno mas jeitozinho
Que deixou a Carochinha
Logo presa pelo beicinho.
A carochinha sorriu
Ele estendeu-lhe a mão-
Deixe-me apresentar,Chamo-me João Ratão.
Deram um grande beijo
E começaram a namorar
Até que um dia decidiram:
- Está na hora de casar!
Foram então bem juntinhos
Os amigos convidar
E logo uma grande festa
Começaram a preparar.
A Carochinha de vestido branco
E de lindo véu na cabeça
O João Ratão de fato novo
Estavam os dois uma beleza.
Já estavam quase a chegar
À igreja p'ró casamento
Quando diz o João Ratão-
Espera aqui só um momento.
- Deixei as luvas em casa,
ficaram em cima da mesa.
Afinal o que ele queria
Era cheirar a sobremesa.
Antes da sobremesa
Decidiu espreitar o feijão
Mas nesse exacto momento
Deu um grande trambolhão.
Caiu dentro da panela
E ficou lá a gritar
A carochinha na igreja
Já não sabia o que pensar.
Decidiu voltar a casa
Para saber o sucedido
João Ratão já não gritava
Estava mais do que cozido.
Chorou então a Carochinha
E o povo todo, comovido,-
Mas que triste sorte a minha que já não tenho marido.
Desta simples história
Fique a seguinte lição
Ninguém seja tão guloso
Como era o João Ratão.
Lília Mata, 35 anos, e Carolina Pinto, 6 anos, Caniço
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